domingo, 27 de fevereiro de 2011

CORAÇÃO EM LIQUIDAÇÃO

Hoje posso falar abertamente sobre o Amor, sentimento incrível, complexo e maravilhoso de se viver. Hoje posso contar que o Amor não mata, mas machuca bastante. Sobrevivi a ele, ou melhor, sobrevivi a morte dele. No inicio o luto foi enorme, meu coração vestia preto dia após dia, minha mente era nervosa, triste e arrependida. Minhas atitudes eram monótonas, frias e sem sentido. Vivi num mundo obscuro, sem vontade alguma de continuar. Mas resolvi mudar, todo luto um dia amanhece na paz. Pode demorar, mas esse dia chegará. Quando meu luto morreu, voltei a ver a vida sem barreiras nos olhos, meu coração se encheu de esperança.
Dói muito suicidar um coração de amor, você perde as forças literalmente e pensa que nada no mundo preencherá esse enorme vazio e essa angustia de não poder voltar ao passado pra concertar seus erros. Sofrer por amor, é como cortar fora uma parte importante de você. É como esfaquear a si mesmo e esperar pra cicatrizar. Demora, e mesmo quando cicatriza ficam as marcas pro resto da sua vida.
Passado o luto, pus meu coração no mercado novamente, já estava pronto pra novos aprendizados. Emprestei meu coração em comodato à algumas pessoas pra que ele pudesse estagiar em novos mercados e que tivesse novas experiências. Pode-se dizer que funcionou, mas coração em comodato sempre tem que voltar pro dono, nunca o entreguei definitivo, pois há um medo de que ele morra de novo, daí seria muito difícil ressuscitá-lo novamente. Já tentei vendê-lo em definitivo, mas ele não está totalmente recuperado, as cicatrizes da quase morte o deixaram bastante frágil.
O amor, mesmo morto, aliás, assassinado, não tem fim. Perpetua durante toda sua vida, anda com você pra todo lugar, tudo que você faz traz lembranças de uma vida cheia de erros, é verdade, mas dedicada a fazer o bem a quem você amava e por quem era amado(a). São com os erros que se aprende, é a maneira mas dolorosa de se aprender, mas também a mais eficaz. Se você aprende com a dor, verá que realmente levará esse aprendizado por toda vida, mas se apenas vive a dor sem buscar soluções, aceitando todos os problemas sem concertá-los, o amor morrerá e viverá trancando em uma prisão chamada obrigação. Quando um amor está doente, há solução, sempre há, mas se você não der uma chance a esperança, se não fizer do luto uma alegria de perdão, então o amor ficará vivo pro resto da vida, mas preso em uma caixa guardada e trancada. Sem poder sair, sem poder se redimir. Amarás outra pessoa, mas nunca amarás como o primeiro amor. Pois esse amor é único e insubstituível.
Eu não posso voltar ao primeiro amor, esse amor está na caixinha trancada, não consegue sair. Por isso resolvi colocar meu Coração em Liquidação, sei que ele não vale o que valia antigamente, sei que seu valor já foi bem gasto por outra pessoa e que há um espaço enorme ainda ocupado por ela, então reconheço que tenho que vendê-lo mais barato, já tentei fazer um leilão, mas os valores não me agradaram, quem sabe assim, nessa promoção eu possa achar alguém capaz de fazer uma sociedade boa e justa, que agrade os dois lados, que possa adquiri-lo e fazer com que esse coração machucado, triste e ainda ocupado, possa se libertar e se valorizar ao lado de outro. Sociedade de corações, é o que busco. A cotação de valores não será tão importante nesse novo sentimento, não importa por quanto me comprarão, importa é que se valorizará quando for adquirido, pois só o venderei a quem provar que tem um valor justo a pagar.

2 comentários:

  1. Profundo! Tipo Machado de Assis descrevendo o amor...

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  2. hum.. Obg.. sendo comparado a Machado de Assis quase acredito que sei escrever mesmoo.. hehee

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